Professora da UEMA participa de pesquisa sobre solo Amazônico

foto-03-Cristalino-1A pesquisa “Micobiota em solo e serapilheira sob efeito de degradação no Sul da Amazônia: Riqueza, função, utilização e desafios”, consiste no levantamento de diversos grupos de fungos de solo e da serapilheira no Parque Estadual do Cristalino-MT.

Segundo a professora Camila Nobre, que integra a equipe de estudos pela UEMA, o parque onde está sendo realizada a pesquisa, mesmo fazendo parte de uma região que deveria ser conservada, sofre efeito do desmatamento e incêndios florestais pela ação de grileiros e pressão agrícola, o que resulta em perda de biodiversidade.

“O objetivo é estimarmos a ocorrência de diversos grupos de fungos no solo e da serapilheira, com potencial descoberta de novas espécies e associar os efeitos da ação humana causados por desmatamento e agricultura”, explica a pesquisadora.

A professora esclarece que esses registros de ocorrências têm grande importância social, visto que existe grande possibilidade em perder espécies chaves para processos como ciclagem de nutrientes, acúmulo de carbono nos solos, além de indivíduos potenciais para produção de alimentos e medicamentos.

Ela mostra que o impacto social desse trabalho permite a catalogação de vários fungos (de cogumelos a fungos microscópicos), verificando sua função e/ou produção de algum composto. “Com a experiência dos diversos pesquisadores da equipe do projeto, associando estudos morfológicos e moleculares, esperamos ter estas respostas”, ressalta.

Conforme a pesquisadora, os benefícios da pesquisa estão na estimativa da biodiversidade de fungos desta área da região amazônica. Após a descoberta de novas espécies, com potencial de achados para o Brasil e para o mundo, selecionam-se alguns organismos e se iniciam estudos para verificar suas funções e potenciais usos para o ser humano. “Nosso questionamento é de que podemos ter fungos com grande potencial para curar doenças, através de seus produtos, mas nem chegamos a encontrá-los devido aos efeitos do desmatamento de nossas florestas’, disse Camila.

foto-01-CristalinoOs fungos compõem uma linhagem evolutiva extremamente vasta e heterogênea de organismos especializados que podem chegar a 3.8 milhões de espécies, embora cerca de apenas 150 mil tenham sido descritas. “Compreender como as comunidades de fungos são estruturadas em diferentes ecossistemas é essencial para o entendimento do papel desses microrganismos no ecossistemas como a Amazônia, cujos solos, geralmente pobres nutricionalmente, tem a serapilheira como fonte de alocação de nutrientes importantes para dinâmica florestal”, esclarece.

Para entender essa dinâmica foi realizada coleta de serapilheira e de solo adjacente na RPPN Cristalino, Mato Grosso, em áreas de mata nativa e desmatada para plantio de arroz durante o período chuvoso de 2022. Em cada local foram delimitados três transectos de 100m, divididos em quatro parcelas (2m de diâmetro) distantes 25m entre si. Em cada parcela, foram coletadas quatro amostras compostas de solo (0-20cm de profundidade), totalizando 24 amostras de solo. Na mata nativa foram coletadas amostras de serapilheira.

A pesquisa é financiada pelo edital universal do CNPq, coordenada pelo Prof. Dr. Bruno Goto (UFRN) e tem como membros da equipe executora pesquisadores de diversas instituições do Brasil (UFRN, UFPE, UEMA, UFPR, UEFS e UFMT), além de colaboradores na Polônia e Coréia do Sul.

A professora Camila Pinheiro Nobre é engenheira agrônoma, formada pela UEMA, mestre e doutora em Ciências do Solo pela UFRRJ, foi bolsista de fixação de doutor pela UEMA no programa de pós-graduação em Agroecologia UEMA e, atualmente, é docente da UEMA no  curso de Tecnologia em Gestão do Agronegócio no Campus Itapecuru Mirim e colaboradora do programa de pós-graduação em Agroecologia UEMA.

Por: Alcindo Barros

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