Estudo revela por que papagaios ameaçados estão desaparecendo das florestas amazônicas do Maranhão e Pará


Por em 31 de outubro de 2025



 

Foto ararajuba (Guaruba guarouba) – Por Surama Pereira

instagram: @uema.ppg

Um estudo conduzido por pesquisadores da Universidade Estadual do Maranhão (Uema) e colaboradores brasileiros e internacionais traz novos alertas sobre o desaparecimento de papagaios ameaçados na Amazônia oriental, especialmente na região conhecida como Centro de Endemismo Belém, que abrange áreas dos estados do Maranhão e Pará.

Publicado na revista internacional Biodiversity and Conservation (Qualis A2, Fator de Impacto 3.1), o artigo investiga como o estado de conservação das florestas e as condições climáticas influenciam os locais onde essas aves ocorrem — e aponta caminhos para a conservação dessas espécies emblemáticas.

Segundo o pesquisador Randson Modesto Coêlho da Paixão, autor principal do estudo, “a pesquisa surgiu do desejo de compreender melhor por que espécies tão representativas da Amazônia estão desaparecendo. A região do Centro de Endemismo Belém é uma das mais ameaçadas da floresta amazônica e abriga um grande número de aves únicas, que dependem diretamente da conservação da mata para sobreviver”.

O trabalho é resultado do pós-doutorado de Randson Paixão na Uema, onde atuou como professor colaborador do Programa de Pós-Graduação em Biodiversidade, Ambiente e Saúde (PPGBAS), no Campus Caxias. Durante esse período, ele esteve associado ao Laboratório de Ornitologia, coordenado pelo professor Flávio Ubaid, coautor do artigo.

A pesquisa integra o projeto “Testando hipóteses, predizendo padrões: da modelagem de ocupação à distribuição de espécies ameaçadas no estado do Maranhão”, que buscou compreender como o uso da terra e as mudanças climáticas podem alterar as áreas adequadas à sobrevivência de aves ameaçadas e endêmicas. “O Maranhão tem uma das maiores diversidades de aves do Brasil”, explica Randson. “Nosso objetivo foi usar ferramentas científicas para prever como a degradação e o clima podem afetar essas espécies no futuro e, assim, contribuir para a conservação delas”.

O estudo foi apoiado pela CAPES, no âmbito do Programa de Desenvolvimento da Pós-Graduação na Amazônia Legal (PDPG – Amazônia Legal), e também pela UEMA, por meio dos Editais nº 13/2020 e nº 20/2023 – PPG/UEMA, que concederam bolsas a estudantes de graduação, entre eles Kawan William Correia-Sousa, bolsista PIBIC/UEMA.

O objetivo do estudo foi identificar os fatores ambientais que determinam a ocorrência de três espécies de papagaios endêmicos e ameaçados da Amazônia, apontando quais áreas demandam maior proteção. As espécies analisadas foram a ararajuba (Guaruba guarouba), de plumagem verde e amarela e considerada um símbolo da fauna brasileira; a marianinha-de-cabeça-amarela (Pionites leucogaster); e a curica-urubu (Pyrilia vulturina).

Os pesquisadores reuniram dados de ocorrência histórica das aves, registrados entre 2000 e 2022, e cruzaram essas informações com indicadores ambientais, como integridade florestal, cobertura vegetal e índices de chuva. Com o uso de modelos estatísticos e ferramentas de geoprocessamento, foi possível mapear as regiões onde as condições ambientais são mais favoráveis à presença dos papagaios.

Os resultados mostraram que os papagaios têm maior chance de sobrevivência em áreas bem conservadas de floresta. Nas regiões com mata de qualidade média, a probabilidade de ocorrência das aves caiu para 50%, e nas áreas degradadas o número foi ainda menor, cerca de 24%. Locais com chuvas mais regulares também favoreceram a presença das espécies.

“O que observamos é que a conservação da floresta é o principal fator de sobrevivência dessas aves”, destaca Randson. “Quando a floresta perde qualidade, a chance de ocorrência cai drasticamente. Isso mostra que, sem o equilíbrio climático e sem a manutenção das áreas florestais, a Amazônia pode perder espécies únicas que não existem em nenhum outro lugar do planeta”.

Os achados do estudo servem de base para planejar políticas de conservação ambiental, definir áreas prioritárias de proteção e orientar ações de reflorestamento. Além disso, chamam a atenção da sociedade para o valor ecológico e cultural das aves amazônicas — como os papagaios — e para a necessidade urgente de proteger seus habitats.

O artigo foi conduzido por Randson Modesto Coêlho da Paixão, Carlos Salustio-Gomes, Kawan William Correia-Sousa, Willane da Silva Rodrigues, Sandara Nadja Rodrigues Brasil e Flávio Kulaif Ubaid, com financiamento da CAPES e da Uema.

A publicação está disponível AQUI.

Mateus Antonio Silva (voluntario do projeto), Kawan William Correia-Sousa (PIBIC/UEMA do projeto e coautor do estudo), José Francisco Santos (PIVIC/UEMA do projeto), e Randson Modesto (Professor coordenador do projeto, orientador do grupo de pesquisa e professor colaborador do PPGBAS/UEMA)

Grupo de pesquisa

Por: Paula Lima



Últimas Postagens