Alunos moçambicanos fortalecem internacionalização na pós-graduação da Uema


Por em 8 de julho de 2025



A Universidade Estadual do Maranhão vive mais um importante capítulo de sua política de internacionalização na pós-graduação com a chegada de estudantes moçambicanos para programas de mestrado e doutorado. Essa parceria é fruto de um termo de cooperação firmado entre a Uema e o Instituto de Bolsas de Estudo, Instituto Público (IBE, IP) de Moçambique, com o objetivo de promover a cooperação científico-acadêmica entre os dois países e garantir acesso ao ensino superior de qualidade para profissionais moçambicanos.

A iniciativa atende a um compromisso de fortalecer os laços entre Brasil e Moçambique por meio da formação acadêmica avançada. Indicados com mérito pelo IBE, os estudantes moçambicanos vêm ao Maranhão para cursar programas de pós-graduação stricto sensu em áreas estratégicas, como Matemática e Ciências Agrárias, recebendo o suporte necessário para sua permanência e estudo na universidade.

O Pró-Reitor de Pesquisa e Pós-Graduação da Uema, Prof. Dr. Marcelo Cheche, reforça a importância estratégica desse tipo de cooperação internacional para a universidade. “A Uema tem se empenhado em ampliar suas parcerias internacionais e consolidar uma pós-graduação de excelência. Receber estudantes de Moçambique fortalece nosso compromisso com a internacionalização, enriquece a experiência acadêmica para todos os envolvidos e projeta a Uema como um polo de formação avançada no Brasil e no mundo. É uma iniciativa que amplia horizontes e constrói pontes para o conhecimento científico compartilhado”, destaca.

Para o Prof. Dr. Sérgio Noleto Turibus, Coordenador do Mestrado Profissional em Matemática em Rede Nacional (PROFMAT) na Uema, a presença desses alunos representa um avanço importante para a internacionalização da instituição. “É muito bom para a pós-graduação, para a internacionalização da Uema. Esses alunos queriam vir especificamente para cá, para o Maranhão, para fazer Matemática. Isso nos motiva muito, pois o PROFMAT é um programa em rede, referência no Brasil. Temos proporcionado qualificação para professores do Maranhão e aumentado o número de mestres em Matemática no estado. Ter alunos de outro país eleva o nível do programa e da universidade”, afirma o professor.

Sérgio Noleto também destaca que a presença internacional contribui diretamente para os indicadores de qualidade da pós-graduação, que são periodicamente avaliados. “Os programas passam por avaliações a cada quatro anos, e ter alunos de outros países é muito positivo. Além disso, cada experiência com alunos internacionais é um aprendizado. A universidade melhora seus processos para oferecer o melhor a esses estudantes, considerando suas culturas, experiências de vida e expectativas. Isso fortalece o nome da Uema no cenário internacional e abre portas para parcerias futuras, como intercâmbios e participação em eventos”, ressalta.

A troca cultural e acadêmica é destacada também pelo Prof. Dr. Tiago Massi Ferraz, Coordenador do Programa de Pós-graduação em Ciências Agrárias (PPGCIAG). Segundo ele, a interação com estudantes moçambicanos enriquece o ambiente acadêmico. “Esses alunos contribuem significativamente para o nosso processo de internacionalização. Existe uma troca muito rica: os professores ensinam, mas também aprendem com a realidade deles em Moçambique. Queremos manter a qualidade dos nossos trabalhos e, ao mesmo tempo, garantir essa troca de conhecimento. Eles também são professores lá, então esperamos que desenvolvam boas teses e produtos acadêmicos de qualidade”, explica o docente.

Ele conta que a chegada dos alunos resultou de uma articulação construída em reuniões do comitê da Pró-Reitoria de Pesquisa e Pós-Graduação (PPG). “O governo moçambicano manifestou o interesse em enviar professores para fazer mestrado ou doutorado aqui. Levamos essa oportunidade ao colegiado docente, e alguns programas se interessaram em receber esses alunos com esse perfil. Para nós, é muito enriquecedor poder ter essa troca de cultura e experiências”, completa.

Entre os novos alunos internacionais está Lino Viegas, mestrando do PROFMAT. Ele destaca a tradição brasileira no ensino e pesquisa em Matemática e a afinidade linguística como fatores decisivos para a escolha do Brasil e da Uema. “O Brasil tem uma longa tradição no ensino e na pesquisa em Matemática, com programas reconhecidos internacionalmente. A língua portuguesa facilita muito a adaptação e o aproveitamento dos estudos. Escolhi a Uema pela participação no PROFMAT, que é um dos programas mais bem estruturados da área. Já havia feito um mestrado profissional em Matemática em Moçambique e vi aqui uma oportunidade de aprofundar meus conhecimentos em uma instituição que valoriza tanto a prática pedagógica quanto o rigor matemático”, explica.

Sobre sua experiência até o momento, Lino conta: “Fui muito bem recebido pela Uema. Os professores são acessíveis, os colegas colaborativos e a estrutura da universidade atende bem às necessidades do curso. A cidade é acolhedora e segura. O programa tem uma abordagem prática e sólida em termos teóricos, exatamente o que eu procurava. Tenho participado de discussões com colegas e professores, e busco aproveitar ao máximo as oportunidades de pesquisa e extensão que aparecem”.

Outro aluno moçambicano que integra o programa de doutorado em Ciências Agrárias é Gervásio Correia, que também compartilha sua motivação e impressões sobre a Uema e o Maranhão. “O que me motivou a escolher o Brasil e a Uema foi a existência de uma equipe multidisciplinar de profissionais altamente capacitados, a oportunidade de aprofundar conhecimentos na minha área de formação, além do entrosamento linguístico e cultural e a chance de abraçar novos desafios”, conta.

Sobre a chegada ao Maranhão, ele relembra: “Foi um misto de curiosidade e expectativas. Tive uma recepção excelente desde o aeroporto até a acomodação, graças à excelente coordenação da PPG, Profa. Nancyleni e sua equipe, que são maravilhosos e muito atenciosos até hoje”.

Ele também fala sobre o convívio com colegas: “Está sendo uma experiência excelente e maravilhosa. O povo é hospitaleiro e tem muita empatia para ajudar estudantes estrangeiros. A interação com os professores também tem sido excelente”.

Gervásio reconhece os desafios acadêmicos: “Os principais desafios são me adaptar às dinâmicas e exigências das tarefas dadas pelos professores e, talvez, a busca de referências bibliográficas. Mas a convivência com os colegas maranhenses tem sido uma boa experiência.”

Sobre o tema de sua pesquisa, ele explica: “Avaliação do impacto das mudanças climáticas na agricultura em Moçambique. Vai ajudar a capacitar os agricultores em técnicas resilientes às mudanças climáticas para aumentar a produção e a produtividade. Pretendo aplicar esse conhecimento no meu país, capacitando os agricultores para a adoção de tecnologias resilientes”.

Para ele, iniciativas como essa parceria entre a Uema e o governo moçambicano são fundamentais: “Ajudam a consolidar a cooperação e o aprofundamento das relações entre os povos, além de contribuírem para a capacitação de recursos humanos para o desenvolvimento socioeconômico dos países”.

Francisco José Toalha, outro estudante moçambicano no PROFMAT, também falou sobre sua escolha e experiência: “Para mim, o motivo foi a interação entre brasileiros e moçambicanos e também o edital publicado pelo Instituto de Bolsas de Moçambique que me possibilitou vir para cá”, explica.

Sobre a primeira impressão, ele conta: “Foi muito boa. Eu tinha curiosidade de conhecer a cidade, a universidade e os colegas. Eles foram muito bons comigo, aprendi e estou aprendendo muito conversando com eles. No começo havia uma pequena dificuldade com o meu sotaque, mas agora já estamos interagindo muito bem”.

Sobre o tema de pesquisa, ele comenta: “Estou no PROFMAT em Matemática e estou pensando em trabalhar com a resolução de problemas envolvendo equações do primeiro grau. É muito importante, porque não está sendo muito incentivado no ensino-aprendizagem e os alunos têm dificuldades. Por isso, escolhi esse tema”.

Francisco também planeja aplicar o conhecimento adquirido: “Sim, vou aplicar no meu país. Estou aprendendo coisas aqui na Uema que não sabia fazer antes. Esse conhecimento eu irei levar para Moçambique”.

A presença dos estudantes moçambicanos representa, para a Uema, um passo importante no fortalecimento de sua política de internacionalização, contribuindo para o intercâmbio de saberes, para a qualidade dos programas de pós-graduação e para a formação de uma rede acadêmica mais diversa, inclusiva e global.

Por: Paula Lima



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